A Libertadores da América se aproxima de sua fase mais eletrizante, e o sorteio das quartas de final nos brindou com um confronto que promete parar o continente: Palmeiras e River Plate. Duas potências do futebol sul-americano se encontram para decidir quem avança na busca pelo título. O primeiro jogo será disputado no mítico Monumental de Núñez, na Argentina, e a decisão acontecerá na Arena Palmeiras, em São Paulo. Mas, afinal, como chegam essas equipes? Há um favorito claro, ou teremos um embate equilibrado digno de gigantes? A análise de especialistas revela cenários complexos e cheios de nuances para este embate.
Apesar da força histórica e dos feitos recentes do Palmeiras, a visão geral aponta para um favoritismo cauteloso, não um domínio avassalador. O River Plate, mesmo com suas oscilações, é um adversário de peso, com momentos de brilho e uma bagagem invejável na competição. O Palmeiras, por sua vez, carrega o peso de ser um time que conquistou muito nos últimos anos, mas também enfrenta seus próprios altos e baixos na temporada, passando por uma fase de reformulação que, por vezes, se reflete em sua performance em campo. O equilíbrio parece ser a tônica desta que será uma das maiores batalhas da Libertadores.
River Plate: Experiência, Oscilações e a Sombra do Maestro Gallardo
O confronto entre Palmeiras e River Plate promete ser mais complexo do que alguns imaginam. Analistas apontam que, apesar de tropeços recentes, o River mostrou flashes de seu potencial. Contra o Libertad, por exemplo, o time argentino teve bons momentos, merecendo a vantagem quando fez 1 a 0, embora tenha cedido o empate em uma bola parada. A expulsão de Galoppo complicou o cenário, mas a equipe já havia demonstrado superioridade. No entanto, a fase de grupos da Libertadores revelou um River com dificuldades, chegando a empatar os dois jogos com o Universitário, equipe que o Palmeiras também enfrentou. Essa campanha irregular levanta dúvidas sobre a consistência dos Millonarios.
Para Piperno, um dos especialistas, o River Plate atual é um time “envelhecido” e que “vem mal”, tendo se arrastado na Libertadores. Ele destaca que, apesar de ter passado da primeira fase, deixou “algumas dúvidas”, com dificuldades maiores que o Palmeiras contra adversários como o Universitário e sem conseguir vencer o Libertad em duas partidas. O elenco, embora conte com a experiência de quatro jogadores campeões do mundo em 2022 pela seleção argentina, é visto como um grupo com muitos nomes em declínio, o que gera uma certa preocupação sobre a capacidade de manter o alto nível em jogos decisivos.
O Elenco Envelhecido e a Sombra do Maestro Gallardo
A análise aprofundada do River Plate revela um elenco com características peculiares. Se por um lado a presença de quatro campeões mundiais de 2022 demonstra uma experiência inquestionável, por outro, há uma percepção de que muitos desses jogadores estão em uma fase de declínio em suas carreiras. A questão que mais intriga é a segunda passagem de Marcelo Gallardo como técnico. Ídolo eterno do clube, Gallardo teve uma primeira passagem brilhante, com conquistas de Libertadores e Sul-Americana. No entanto, sua volta, após uma experiência menos expressiva na Arábia Saudita, tem gerado questionamentos.
Piperno levanta o ponto crucial: até que ponto um ídolo de tamanha envergadura deveria retornar, correndo o risco de “arranhar” sua biografia? A atual gestão de Gallardo não montou um “grande time” e, mesmo com investimentos significativos na temporada passada, as escolhas de contratações, como a repatriação de jogadores como Driussi e Nacho Fernández (que já mostrava declínio no Atlético-MG), são consideradas de “eficácia bastante duvidosa”. É um cenário onde a nostalgia se choca com a necessidade de renovação, e a pressão sobre o treinador e o elenco é imensa. Para mais detalhes sobre o desempenho de Gallardo em suas passagens pelo River, você pode consultar informações em portais especializados como o UOL Esporte.
Palmeiras: Favoritismo Consciente e a “Maldição” do Allianz Parque?
A expectativa para o duelo Palmeiras e River Plate coloca o Verdão como favorito, mas com uma ressalva importante: não é um favoritismo que “sobra”. Bruno Prado, por exemplo, enxerga o Palmeiras como o melhor time nesse lado da chave da Libertadores, mas não com uma distância enorme para os adversários. Ele prevê jogos duros, tanto contra o River nas quartas quanto em uma eventual semifinal, seja contra São Paulo ou LDU. O time de Abel Ferreira tem conseguido resultados impressionantes, com uma campanha sólida no Campeonato Brasileiro, mas seu futebol, por vezes, apresenta variações que impedem uma percepção de superioridade esmagadora.
Um ponto de atenção levantado por Mauro Beting e Piperno é o retrospecto do Palmeiras em jogos eliminatórios na própria Arena Palmeiras. Segundo Beting, o Verdão não vence uma partida eliminatória em casa pela Libertadores desde 2022, na semifinal, sob o comando de Abel. Essa estatística “maluca” adiciona uma camada de pressão e drama aos confrontos de volta, que o Palmeiras costuma fazer em casa por ter uma das melhores campanhas na fase de grupos. O histórico recente inclui empates contra Boca Juniors (que resultou em eliminação nos pênaltis) e Athletico-PR (após abrir 2 a 0), desafiando a ideia de que jogar em seus domínios é sempre uma vantagem clara.
A Importância do Jogo de Ida e os Desafios em Casa
Diante desse cenário, a estratégia do Palmeiras e River Plate para o primeiro jogo no Monumental de Núñez torna-se ainda mais crucial. Piperno enfatiza que o Palmeiras deve “jogar para ganhar” na Argentina, sem se contentar com um empate que, como visto contra o Boca em 2023, pode não ser suficiente para garantir a classificação em casa. A série de resultados não favoráveis em jogos de volta no Allianz Parque é multifacetada e não se resume à simplista ideia de que o time não tem repertório contra adversários fechados. Casos como o do Athletico-PR, onde o Palmeiras abriu 2 a 0 e cedeu o empate, e o Deportivo Pereira, onde uma vitória elástica fora de casa foi seguida por um jogo apático em casa, mostram a complexidade da situação.
A experiência dos campeões mundiais do River, especialmente o goleiro Armani, acostumado a “catimbar” e segurar o jogo, exige que o Palmeiras tente decidir a eliminatória o quanto antes. Fazer um bom resultado fora de casa, de preferência uma vitória, aliviaria a pressão sobre o jogo de volta e evitaria que o River viesse para São Paulo com uma estratégia totalmente defensiva, buscando levar a decisão para os detalhes ou pênaltis. A história do Palmeiras na Libertadores, com momentos de glória e superação, como a conquista de 1999 em uma campanha dificílima, demonstra que o clube tem o DNA copeiro necessário para enfrentar esses desafios. Para aprofundar-se na trajetória do clube, visite nosso artigo sobre a História do Palmeiras na Libertadores.
O Caminho até a Grande Final: Gigantes em Busca da Glória
A jornada de Palmeiras e River Plate até a grande final promete emoções intensas. Enquanto o lado da chave do Palmeiras é visto como mais equilibrado, com adversários como River Plate, LDU e São Paulo, o outro lado parece ter um favorito mais claro: o Flamengo. Bruno Prado destaca que o time carioca “está jogando muito bem”, mostrando uma superioridade em campo que o coloca à frente de Estudiantes, Racing ou Vélez, no caminho para a final. O Flamengo, apesar de ter passado por um grupo considerado fraco e com oscilações, é atualmente o melhor time do Brasil, na visão de alguns analistas, e principal candidato ao título.
Mauro Beting complementa, lembrando que a Libertadores, especialmente desde 2000, ampliou o número de participantes, o que pode ter “diluído” um pouco a qualidade geral dos grupos em comparação com edições anteriores, como a de 1999, onde o Palmeiras enfrentou adversários como Corinthians (então campeão brasileiro), Olímpia (bicampeão) e Vasco (campeão da América). Mesmo assim, a conquista da América é sempre um feito gigantesco, e a sorte no sorteio, embora discutível, faz parte do jogo. No fim das contas, a qualidade e a capacidade de superação são os fatores preponderantes. O Palmeiras, com sua solidez e histórico recente, tem todas as ferramentas para ir longe, mas o River Plate será um teste à altura de suas ambições.
Este embate nas quartas de final é mais do que um simples jogo de futebol; é um confronto de filosofias, de histórias e de pressões. O Palmeiras, com seu favoritismo consciente, precisa superar seus desafios internos e externos, especialmente no que diz respeito aos jogos em casa. O River Plate, mesmo com um elenco experiente e um ídolo no comando, enfrenta a necessidade de provar que ainda pode brilhar no cenário continental. A Libertadores nos reserva um espetáculo de alto nível, onde a paixão e a rivalidade transcenderão as quatro linhas. Preparem-se para um embate histórico entre Palmeiras e River Plate!
