Em uma recente participação no programa F90 da ESPN Argentina, o técnico Luis Zubeldía, ex-São Paulo, lançou uma análise que gerou grande repercussão no cenário futebolístico brasileiro. Com um olhar perspicaz sobre a dinâmica atual do Campeonato Brasileiro, Zubeldía compara Bahia de Ceni ao City de Guardiola, traçando um paralelo inusitado que reflete as mudanças estruturais e financeiras que o esporte tem vivenciado no país. A declaração do treinador argentino não apenas sublinha a crescente força de determinados clubes, mas também provoca uma reflexão sobre a evolução e os desafios do futebol nacional.
A discussão central abordada por Zubeldía focou no poderio econômico emergente de algumas equipes e na distinção clara entre os modelos de gestão. O São Paulo, onde o técnico teve uma passagem marcante, foi categorizado como um clube tradicional, sem o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Em contrapartida, o Bahia, um dos mais novos expoentes do modelo SAF, foi apontado como um clube com uma capacidade de investimento “muito superior” em comparação com o Tricolor paulista. Esta diferença, segundo Zubeldía, é o divisor de águas no atual mercado.
Bahia, o “Manchester City” Brasileiro? A Análise de Zubeldía
A analogia de Zubeldía com o Manchester City não surgiu do acaso. O Bahia, conhecido historicamente como Esquadrão de Aço, é hoje administrado pelo poderoso City Football Group, o mesmo conglomerado que controla o gigante inglês. Essa ligação internacional confere ao clube baiano um acesso a recursos e uma filosofia de gestão que o coloca em outro patamar financeiro no cenário nacional. “Historicamente, o Bahia não tinha o mesmo sucesso esportivo dos outros (clubes grandes), mas hoje o Bahia é do City”, explicou o treinador, ressaltando a drástica mudança de panorama.
A prova desse novo poder de fogo foi observada diretamente pelo ex-comandante são-paulino. Zubeldía mencionou que o Bahia chegou a adquirir dois jogadores que estavam sob seu comando no São Paulo, um movimento que demonstra a agressividade e a capacidade de investimento do clube nordestino. Para ele, o Esquadrão hoje “pode se reforçar cinco vezes melhor que o São Paulo”, uma declaração impactante que dimensiona a nova realidade financeira impulsionada pela SAF.
Mas a comparação não se limita apenas ao aspecto econômico. Zubeldía aprofundou sua análise, sugerindo que enfrentar o Bahia, comandado por Rogério Ceni, é taticamente similar a duelar com o Manchester City de Pep Guardiola. A ideia subjacente é que a influência do City Football Group se estende também ao modelo de jogo, privilegiando uma abordagem ofensiva e um estilo de futebol proativo. “Quando você enfrenta o Bahia, é como enfrentar uma equipe do (Pep) Guardiola, porque o Ceni está por trás”, salientou Zubeldía, associando a filosofia do técnico brasileiro à visão global do grupo. Essa percepção reforça a ideia de que o investimento do grupo não é apenas em atletas, mas também na construção de uma identidade tática alinhada aos seus projetos internacionais. Para entender melhor como essa disparidade financeira impacta o cenário nacional, confira o artigo sobre Poderio Financeiro Bahia: O Segredo da Ascensão do Esquadrão!.
O Poderio e os Desafios do Campeonato Brasileiro
Além de mergulhar na realidade do Bahia, Zubeldía aproveitou a oportunidade para elogiar a grandeza do futebol brasileiro de maneira geral. Ele classificou o Brasil como uma “potência em todos os aspectos”, desde a formação de talentos nas categorias de base até a competitividade do Campeonato Brasileiro. A qualidade técnica e física dos jogadores, reconhecida mundialmente, atrai olheiros e investimentos de todas as partes do globo, consolidando o país como um dos principais celeiros de craques.
Contudo, o treinador argentino não deixou de lado os desafios intrínsecos ao sistema. Apesar da aparente fartura de recursos em alguns clubes e no campeonato como um todo, Zubeldía apontou que muitas equipes enfrentam “muitos problemas econômicos”. Ele mencionou que “muitas questões terminam em processos na Justiça, então tudo não é tão limpo quanto parece”, revelando uma camada de complexidade e fragilidade por trás da imagem de opulência. Essa realidade dual, de um lado com a potência econômica e de outro com crises e irregularidades, é um reflexo das contradições do esporte no país. Para aprofundar a discussão sobre a integridade do esporte, vale a leitura sobre A Máfia do Apito: O Escândalo Que Parou o Futebol Brasileiro Volta Com Revelações Explosivas!, que explora temas relacionados a desafios éticos no futebol. Recentemente, a preocupação com esses temas levou o Governo Federal a Lançar GT contra Manipulação Esportiva, buscando reforçar a integridade do esporte nacional.
Uma das maiores e mais agradáveis surpresas para Zubeldía em sua passagem pelo Brasil foi a “humildade” demonstrada pelos atletas. Ele destacou jogadores renomados como Lucas Moura, Luiz Gustavo, Oscar e Rafinha, que, apesar de suas carreiras consolidadas, mostraram uma receptividade e um profissionalismo que o impressionaram. Essa mesma característica foi observada nos jovens da base, que se mostraram “muito humildes e receptivos”, prontos para absorver as orientações e crescer. A combinação de talento técnico e físico, aliada a essa postura, faz dos atletas brasileiros um diferencial único no cenário mundial.
O treinador concluiu sua análise reforçando que os jovens talentos brasileiros possuem um potencial “muito bom”, com “uma condição não só técnica, que todos já sabemos, mas também física muito acima da média”. Essa percepção consolida a visão de que o Brasil continua sendo um mercado vital e um exportador de talentos de altíssimo nível, sempre buscando as estrelas do amanhã. Clubes, inclusive, já investem pesado na blindagem de seus jovens atletas, como mostra o caso em que o Palmeiras Blinda Joia do Sub-20 com Multa Milionária, garantindo a permanência de seus talentos para o futuro.
A visão de Luis Zubeldía sobre o futebol brasileiro oferece uma perspectiva rica e multifacetada. A ascensão de clubes como o Bahia, impulsionada por investimentos de grupos como o City Football Group, redesenha o mapa de poder e redefine as expectativas. Quando Zubeldía compara Bahia de Ceni ao City, não é apenas uma metáfora, mas um indicativo das novas tendências que moldam o futuro do esporte no país, onde a paixão e o talento se encontram com o poder financeiro e os desafios de uma liga em constante evolução.